Círculo vicioso.
Formoso céu imponente,
És tu, pátria amada,
Tão idolatrada,
Varonil.
Desigual por natureza,
Pré-conceitua teu filho amado,
De braços fortes,
Que sofre na amplidão de sua incerteza.
Campos verdejantes,
Sobram máquinas,
Colheitadeiras,
É o progresso! É o sistema!
Povo esquecido, sofre:
“Caminhão passou, cabô serviço ...
“Sinhô, dono da terra, comprô di nóis”
Empregado se torna,
Do seu próprio lar,
E trabalha pra deixar,
Rico o invasor.
A mídia noticia:
“Brasil exporta toneladas”
Braços fortes,
empunhando enxadas.
É o progresso!
É o sistema!
Sem morada para os pobres,
Mas carrão na novela das nove.
É o progresso!
Consumo, consumo,
Resultado:
Pobre endividado.
Faz hora-extra,
Tira leite pro dotô.
Bate massa,
cava buraco:
“Tem qui voluí.”
Parecer rico, tem valor.
Mas, acaba, coitado,
Miserável, sofredor.
É o progresso!
É o sistema!
Círculo vicioso,
Não muda.
Pobre endividado,
Cinco filhos, retirante,
Vendeu a terra pro dotô.
“Criá os fios na capitar”
Chega sofrido,
lugar judiado,
A casinha do sertão,
Vira barraco alagado.
Doença,
Filho na droga,
Filha prostituiu,
Mulher foi embora.
E o pobre, esquecido,
Trabaiadô do sertão,
Agora está sozinho,
Não parece cidadão.
Na mídia:
Carrão, Luxo, fama.
Na vida:
Desigualdade, tristeza, solidão.
É o Progresso...
É o Sistema...
Gustavo Gurgel
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
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