segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Tem mais poesia....

Círculo vicioso.


Formoso céu imponente, 
És tu, pátria amada, 
Tão idolatrada, 
Varonil.


Desigual por natureza, 
Pré-conceitua teu filho amado, 
De braços fortes, 
Que sofre na amplidão de sua incerteza.


Campos verdejantes, 
Sobram máquinas, 
Colheitadeiras, 
É o progresso! É o sistema!


Povo esquecido, sofre: 
“Caminhão passou, cabô serviço ... 
“Sinhô, dono da terra, comprô di nóis”


Empregado se torna, 
Do seu próprio lar, 
E trabalha pra deixar, 
Rico o invasor.


A mídia noticia: 
“Brasil exporta toneladas” 
Braços fortes, 
empunhando enxadas.


É o progresso! 
É o sistema! 
Sem morada para os pobres, 
Mas carrão na novela das nove.


É o progresso! 
Consumo, consumo, 
Resultado: 
Pobre endividado.


Faz hora-extra, 
Tira leite pro dotô. 
Bate massa, 
cava buraco:


“Tem qui voluí.” 
Parecer rico, tem valor. 
Mas, acaba, coitado, 
Miserável, sofredor.


É o progresso! 
É o sistema! 
Círculo vicioso, 
Não muda.


Pobre endividado, 
Cinco filhos, retirante, 
Vendeu a terra pro dotô. 
“Criá os fios na capitar”


Chega sofrido, 
lugar judiado, 
A casinha do sertão, 
Vira barraco alagado.


Doença, 
Filho na droga, 
Filha prostituiu, 
Mulher foi embora.


E o pobre, esquecido, 
Trabaiadô do sertão, 
Agora está sozinho, 
Não parece cidadão.


Na mídia: 
Carrão, Luxo, fama. 
Na vida: 
Desigualdade, tristeza, solidão.


É o Progresso...
É o Sistema...


Gustavo Gurgel

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